terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Os números do acaso sem querer

Era por volta de dezoito horas e dezenove graus que caminhava Angélica, vinte anos, dia vinte e um ao encontro de Carol, vinte e dois, na rua vinte e quatro.
Para encurtar a história e também o suspense, conheceram-se através de um aplicativo de combinação de casais.
Até aqui, não há romance.
Angélica vestia um calça jeans preta, um tênis que mostrava um pouco de desleixo para com o encontro, camiseta branca e moletom amarelo claro. Seu cabelo na altura do queixo voava enquanto ela tentava cobrir o nariz da brisa gelada que entrava cada vez que as portas do trem abriam.
Abrem-se as portas do metrô, Angélica sai rapidamente e ergue o pulso para conferir a hora. Há alguns metros, Carol baixa o pulso após conferir a hora. Impaciente, batia o pé enquanto tirava do bolso o isqueiro e um cigarro.
Aproxima-se Lara, vinte, numa mão um cigarro apagado e na outra um presente. Compartilham isqueiro. As cinzas do cigarro de Carol logo vão ao chão. Lara continua a deliciar seu cigarro.
- Parece nervosa... mas arrumada. Vai encontrar alguém?
- Sim, sim. Estou esperando. E você, caixa de bombons... arrumada, vai agradar alguém?
Ambas riem e olham para o metro, mas somente Lara vai em direção a ele. Fim do encontro inesperado.
Angélica sempre sai de bicicleta, mas hoje pelo atraso resolveu tomar um trem. Atrasara-se pela indecisão de aceitar ou não o encontro, tendo em vista o fantasma de um ex amor que assombrava sua mente no sentido mais figurado possível, seria como dar o primeiro passo para a superação. Subiu então, o segundo degrau do metro. Ao subir o terceiro, esbarra-se com alguém. O alguém.
- Não esperava te encontrar assim, mas já que encontrei, trouxe esse chocolate porque sei que você só gosta desse. Sei um bocado de coisas sobre você e não posso deixar que isso se perca, acho que a gente precisa de novo uma da outra. Então, obrigada por esbarrar seu destino no meu.
- Eu te amo, Lara.
Aqui há romance, mas não é disso que o texto é feito.
Após carícias entre o casal e xingamento de quem passava por lá, tiveram a certeza que o misto de amor e surpresa proporcionado por aquele encontro, era a decisão que se tomava por si própria, sozinha.
Há alguns metros, sozinha estava Carol: saia jeans, tênis novos, camisa com mangas, cabelos longos que também voavam junto às cinzas do seu cigarro. O quinto, diga-se de passagem. Após algumas horas, concluiu: ela não vinha.
O porquê? Nunca entendeu. Mil hipóteses, desde uma abdução a uma hipotética volta com a ex-namorada surpreendente há poucos metros do local marcado. Como saber? Não sabendo. E assim Carol voltou pra casa.

Se a vida é cheia de incertezas, imagine a gente.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Parabéns por ser tão George Lucas

Eu tenho tanto pra te falar, mas com palavras não sei dizer.
Mentira, sei sim e como sei. Se tem uma coisa que eu sei, é dizer, aliás nós dois. Acho que por isso hoje (e em todas os dias possíveis) é um bom dia pra dizer que: eu estou feliz porque te encontrei.
Um homão desses, bicho!
Eu te devo muita coisa, George Lucas, inclusive um "obrigada por ser assim tão George Lucas", de um jeito que se me perguntassem "cê prefere aquele escritor famosão metido a esperto ou o George Lucas do Quintino Cunha" eu ia dizer "opção dois, com toda certeza".
Isso porque te admiro da pontinha do pé, até o último fio de cabelo. O o que você já me ensinou até aqui e o que reconheceu aprender comigo também, quanto você acredita nos meus sonhos (às vezes até mais que eu) e o quanto você é sempre otimista, mesmo quando você diz que tem problemas, são raras as coisas que tiram esse sorrisinho do seu rosto.
E cá entre nós, que rosto. Os dentinhos tão simétricos e bonitinhos, até aquele que tem uma falha merece o adjetivo também, de quebra tem olhinhos puxadinhos que ficam mais e mais apertadinhos depois que a gente... será que eu posso contar? Eu acho que não precisa, essas são as nossas entrelinhas.
Parabéns por ser você, assim, do jeito que você é pra todo mundo. Tudo bem que eu exagero um pouco nos elogios, mas todo mundo tem sempre um pouco a falar bem de ti, menino. Senão tua vida não seria tão cheia de histórias, tão cheia de amores, amigos de vida.
Naqueles raros momentos em que você se sentir triste, lembra de tudo isso, de tudo que já passou na tua vida por vinte e um anos, bom ou ruim, é história pra cacete!
E pensa em tudo que você ainda tem pra viver, todos os motivos pelo qual você acorda todo dia, põe a fardinha e trabalha, todos os sonhos que vai conquistar - porque, sem dúvidas, você vai - e não desanima. Nem hoje, nem amanhã, nem nunca.
Você é uma das pessoas mais incríveis que eu já conheci, Sr. Incrível.
Com amor,
Tábatha.




p.s: eu espero que esse seja um dos nossos últimos anos comemorando aniversários por aqui.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Hoje juntei razões pra dizer que te amo.

Hoje quando eu tive que te beijar pra ir embora, eu realmente quis chorar. Não sei se por apego ou por conforto, amor ou devaneio, eu simplesmente quero que você fique. Não sei se pelas conversas ou pelo sexo excepcional, dez de dez de zero a dez. Eu me forço a dizer que você não é perfeito porque eu não quero que você pense que me ganhou, a gente tem dessas. Eu faço charme quando faço bico pra não comer esfiha (porque só você e deus sabem o quanto sou cheia de querer) pra ver se eu chamo a sua atenção e você continua olhando pra mim com um semblante de "apesar dos enjoos, eu escolhi a melhor mulher do mundo". E não satisfeito, você sussurra no meu ouvido vez ou outra que me ama e é difícil ficar sem mim. Não sei se pelos beijos de madrugada, que eu não sinto porque tenho sono pesado mas que sei que você dá, não sei se por rir das minhas piadas mais incapazes de despertar qualquer sensibilidade risonha em alguém, não sei se pelo cheiro extremamente agradável, eu quero que você sempre fique.
Eu sei que você já viveu muitas, amor, então eu sei que você sabe como é aquela sensação. É quase como os filmes que a gente assiste, só que de verdade. É quase como se eu nem acreditasse que existe nós dois, porque, francamente, se tinha alguma coisa que ia dar certo nessa vida junto, essa coisa era nós dois. Torno a dizer, não sei se pelos teus olhos que são menores do que minha capacidade de focar algo, não sei se pela mistura do abstrato e do físico, não sei se pela sinestesia dos nossos encontros: cheiro, toque, gosto e tudo mais que excita da ponta da orelha até o dedinho do pé; não sei se pelos planos mais hipotéticos, tão distantes e ao mesmo tempo tão próximos, acho que por tudo isso, eu chorei hoje, 16 de novembro de 2016 porque não quis pegar o ônibus e me despedir.
Talvez pela minha preguiça de enfrentar o mundo e levar a vida a sério, como esses adultos nos quais a gente se exempla, talvez porque hoje sua pele estar tão linda depois daquele banho de mar, eu não conseguia não estar com o rosto colado nela; talvez porque eu queira te guardar num potinho (ou melhor, numa daquelas caixas dos correios que a gente tem guardada), puta que pariu, talvez por eu ter tanto a falar de você, agradecer a você, pedir, dar, retribuir, encrencar, esmurrar, agarrar e todos os verbos transitivos (diretos ou indiretos) e intransitivos que posso combinar com a palavra "você", por tudo isso, meu bem, eu te amo e digo isso assim morrendo de vontade de te encontrar de novo.



sexta-feira, 27 de maio de 2016

São 00:28 da manhã e eu gorfei.

Eu cheguei em casa e não to totalmente sóbria, mas ninguém liga e além de ninguém ligar, você também não liga. Eu chorei até aproximadamente 00:00 lendo textos da Tati Bernardi, Você sabia que dizem que ela é a minha cara? Não. Você provavelmente nem... liga.
Eu não quero ser mais um contato do seu celular que você responde pela obrigação de ser sociável. Nem aquele peso que você tem que sustentar pra se sentir menos sozinho no mundo. Eu não quero ser a louca psicopata que te contaram que eu era.
Eu só acho que sou demais pra você, eu não soube como te dizer isso porque eu odeio lidar com pessoas indo embora, eu só soube te perguntar "se eu não tivesse terminado com você hoje, quanto tempo você demoraria pra terminar comigo?". E ver você sutilmente responder "terminar o que?". Como você pode ser tão inocente?! É inocência o nome? Não importa o que nós rotulamos: eu não quero ser a sua amiga.
A sua amiga que dá o ombro pra você chorar porque sua ex ficou com seu melhor amigo ou do tipo que dorme no outro quarto enquanto você transa com uma bela moça que fala alemão. Eu não quero esse tipo de relação com você, independente do que você acredite que eu sou.
Além de tudo, eu queria que você entendesse de uma vez por todas que eu sou isso mesmo. Esse blog tá cheio de autoafirmações e eu só queria que você parasse pra ler um pouco. Que você entendesse que saber quem eu sou não é decorar o nome dos meus ex, ou saber quem é minha amiga de longa data. Saber disso é bom, é fofo, mas não é saber o suficiente pra constatar algo.
Saber sobre mim, acorda, é conhecer os meus desequilíbrios e entender que eu sou carente, que eu vou querer atenção ainda que eu foda com um cara 2h depois de te encontrar pra tomar sorvete de leite ninho. Eu não sei quem você acha que eu sou, mas eu não sou esse tipo de mulher que você vê em filme que se diz completamente desapegada, porque eu sei que eles cortam as cenas que elas bebem sozinhas em casa lamentando a merda que é não ter ninguém pra contar que o gatinho delas comeu toda a carne que elas deixaram fora da geladeira pra descongelar. Eu sou publicitária, eu sei que isso não vende.
Eu não sei no que você acredita, e pra ser sincera eu to pouco me fodendo, contanto que você  ainda deixe eu te beijar desesperadamente na escada antes de entrar no seu apartamento enquanto você sussurra "não pisa na pata da cachorra", mesmo sabendo que isso vai acontecer porque eu não dei a mínima. Eu não sei o que você espera de alguém, se é que você espera de alguém, mas eu queria que você pudesse esperar e acreditar e isso vai além de mim, sei lá, que as pessoas não são todas iguais.
Nós somos muito diferentes.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

H4PPY B1RTHD4Y 2 U - para o dia 15/06/2016

Eu vou fazer 21 anos daqui a dias. Terei de atualizar todas as minhas redes sociais (18 ao total) e agradecer os parabéns. Não que eu desgoste de tudo isso, a pergunta é: onde eu cheguei?
Como já dizia JoutJout, existe um abismo entre a expectativa e a realidade de ser adulto.
Meu padrasto acha que eu e meus amigos somos ~jovens~ enquanto alguns de nós temos rotinas talvez até mais exaustivas que a dele.
Será que ser adulto é mesmo isso?
Se desse pra fazer uma lista... ter cartão de crédito e comprar mais do que posso pagar, ok. Ter problemas de saúde que exigem de mim algumas restrições ridículas, ok. Me magoar com um amigo por mês só pra lembrar o quanto você pode ser incompreensiva egoísta, ok. Chorar antes de dormir por medo de ser ousada demais em meus planos futuros, ou chorar por perceber que eles são utópicos demais e levar um tapa da realidade, ok. Ver fotos de uns anos atrás e desejar que a adolescência voltasse por alguns segundos, depois lembrar que todo rolê tinha que acabar antes das 22h, ok. Beber sozinha por algum dos motivos citados, ok. Fazer sexo duas vezes por semana com alguém que não sabe o quanto você odeia coisas ligadas a natureza, ar livre, mochileiros, a América do Sul, São Tomé das Letras e qualquer outra coisa "good vibes", ok. Ver meus amigos uma vez (sipa) a cada duas semanas por causa do trabalho ou namorados, ok. Ter voltado pra casa da mãe porque era mais cômodo, ok. Lidar com os amigos da escola tendo filhos e maridos, ok. Ver os nerds da minha sala da oitava série com altos cargos em grandes empresas e lidar com a aceitação das palavras do professor de física - um abraço, querido Mácio - quando ele avisava, ok. Certos dias, me olhar no espelho e me sentir uma completa fracassada por ainda estar ali (seja onde estiver), ok.
Mas tem que ter um lado bom em tudo isso, eu aprendi uma vez em Avatar a lenda de Aang que não existe o lado ruim sem o bom pra equilibrar.
Eu preciso mesmo é me lembrar de cada vez que passei meu cartão de crédito (diga-se de passagem todas com comida) e senti o sabor do fondue de chocolate tocando meus lábios. Saber que meus problemas de saúde, apesar de incômodos, não são os piores. Que só se vive uma vez pra ter tanta mágoa com pessoas que me fazem bem sem pensar duas vezes. Que chorar faz parte do ser humano e sonhar também e, a única forma de fazer isso não me magoar, é aceitar que problemas não acontecem só comigo. Sentir a nostalgia do tempo que passou, mas aceitar que realmente passou e a melhor coisa que fiz foi ter aproveitado. O agora já é passado daqui a 1 segundo. Eu preciso é lembrar que as pessoas também tem dias ruins, mas quando elas gostam de você, sempre vão se esforçar e, nesses casos, o "pouco" é "muito". Parar de olhar para a vida dos outros e parat também de desejar coisas que eu não quero, só porque eu não tenho. Olhar no espelho e pensar que, apesar de todos os fracassos, eu sou a única pessoa que pode remediar tudo, se eu quiser.
21 anos trazem muitas coisas: mágoas, experiências, feridas, risadas, histórias, choros, aprendizado e mais dúvidas.
Pra ser sincera eu acho que vou ter dúvidas enquanto eu existir. Mas afinal, quem não?

sábado, 7 de maio de 2016

Se um dia você ler isso, diga que me entende

Eu queria te dizer muitas coisas que não disse na última vez que conversamos. Você estava apressado para pagar as contas e encontrar seus amigos, eu estava usando a lingerie que você gostava. São detalhes irrelevantes, mas são detalhes. Eu não escrevi sobre você por todo esse tempo porque eu francamente passei por momentos muito difíceis, você deve ter ouvido pela boca de alguém. Ou não.
Francamente, o período sombrio que passei sem você não me interessa lembrar ou te contar, ninguém quer parecer fraco na frente de ninguém, mesmo quando as evidências são incontestáveis. Do contrário, queria te dizer que apesar das mágoas, eu estou realmente grata por você ter existido. Talvez um dia eu me arrependa de te dizer isso, mas já terei dito e sei que você não considera mais minhas palavras há algum tempo. Você realmente não nasceu pra minha intensa mutabilidade,ou mesmo minha "intensa qualquer coisa". Eu mergulho fundo demais e você ficou raso. Não me leve a mal, garoto, eu não estou xingando você. Metade da cidade inteira já presenciou isso em outros tempos e se os bares falassem, eles também te contariam tudo que disse sobre você e o quanto cada parte de você era um grande pedaço de merda (perdoe-me a franqueza).
Quando a gente se desprendeu a primeira vez, eu fiquei grande demais, cheia de mim. Eu descobri que eu podia gostar de coisas que você não gostava. Parece patético se você contar para alguém, mas eu parei de julgar pessoas apaixonadas desde que me apaixonei por você. Foi bom descobrir as minhas particularidades, foi ótimo e ao contrário do que todos pensam, eu não estava fingindo. Eu não fui embora da cidade para te esquecer, te superar, te blábláblá. Eu fui por mim e pelas gotas de amor próprio que eu ainda tinha no meu peito pingando em grandes intervalos quase me implorando para eu acordar. E eu realmente não me arrependo, como eu disse, eu me descobri.
E aí eu te encontrei de novo.
Como eu poderia explicar para o (meu) mundo que eu estava apaixonada por você de novo? Como eu poderia articular para que tudo pudesse voltar a ser como antes? Os filmes na sala, os cinemas aos domingos, as rodas de amigos, as festas nas universidades, os sábados na praia? Eu só deixei acontecer e eu não me importei com a opinião de ninguém. Ninguém, por mais bem que me quisesse, poderia escolher o que era a felicidade pra mim e é disso que vou falar, se é que não já falei.
Foi bom o tempo que tive com você e o quanto você, não só me viu crescer, mas me fez crescer. Eu realmente achei que você fosse ser o pai dos meus filhos e que íamos ter uma casa com cerquinha branca, mas ao perceber que não, hoje não me machuca mais. Eu perdi um grande tempo da minha vida odiando cada célula do seu corpo até poder perceber que o nosso tempo realmente passou. Todo mundo já tinha percebido, menos eu. Confesso, menino, que foi uma das melhores coisas que fiz em 2016.
Se você pudesse ler isso, eu queria que você soubesse que recentemente eu te procurei para dizer - apesar de não ter dito - que estava tudo bem, eu não odeio você, eu não quero você de volta, eu quero que você seja feliz com  quem entende você e quem te faz completo. Eu quero pra você o que eu quero pra mim. Por mais nocivo que tenha sido, não machucou só a mim. Deveria me expressar com menos melancolia, mas eu NUNCA consegui falar de você com poucas palavras. Eu te conheço e te amo desde 2013 e, apesar dos hábitos terríveis, você mudou um bocado.
Obrigada por ter me mostrado o que é amor e como ele funciona, o que é amizade num relacionamento e por ter sido nada mais, nada menos que quem você sempre foi.
Não sou obrigada a simpatizar com suas namoradas depois de mim ou ignorar que tivemos uma história, só não quero tornar isso algo mais importante que meu próprio bem estar. Apesar das sequelas que ficam em nós cada vez que nos machucamos, apesar de a gente não querer levantar e tentar de novo quando cai da bicicleta e se machuca, "eu te desejo não parar tão cedo" e tudo mais que se pode desejar a alguém que não se quer mal.
Tudo vale a pena, exceto quando você não se perdoa.

terça-feira, 29 de março de 2016

O que eu sinto vontade de responder quando pedem minha bio

20 anos. Olho pro lado na esquerda e direita vejo gente mais bem sucedida que eu. Em amor, trabalho, independência. Sou dessas. Choro com comédia romântica. Rio com animações do cartoon. Fumo maconha até chegar na ponta. Parei de fumar porque paguei dez reais numa carteira de Dunhill. Não gosto de bebida alcoolica, mas preciso pra sobreviver. Não uso banheiros públicos. Tenho muitos problemas de saúde. Não tenho religião simplesmente porque não consigo acreditar em nada. Admiro a umbanda. Não posso tomar leite. Minha bebida preferida é leite. Faço publicidade. Queria trabalhar num pub. Gosto de sexo que me machuca. Um dos melhores momentos do meu dia é quando encosto a cabeça no ônibus na hora de ir pra faculdade e quando não tenho 3g, porque penso na vida. Aprendi a gostar de rap. Acredito fortemente em astrologia. Tenho preguiça de gente que atrasa a vida. Festas que tocam funk me ganham fácil. Sei inúmeras coreografias de pop. Tenho um quarto com parede de estrelas. Continuo odiando meias e uma série de comédia chamada How I Met Your Mother, gente que não se permite sentir, animais que rastejam e salsa na comida. Não tenho foco algum na vida. Tenho foto dos meus filmes e bandas preferidas no meu quarto. Ofereço presente para as pessoas que gosto, o que é facilmente confundido com cantada. Ganhei apenas um ovo de páscoa em 2016. Quando em casa, passo o dia inteiro sem usar roupa alguma. Sou apaixonada por amores utópicos, o que é facilmente perceptível com uma conversa. Sinto falta de São Paulo, da correria, dos meus amigos, do meu cabelo maravilhoso e do meu ego restaurado. Amo meu piercing e minhas tatuagens. Sonho com soluções eficazes para que os meus pelos pelo corpo parem de crescer sem eu precisar depilar. Adoro ver animações no cinema. Adoro cinema em geral. Ir de bicicleta pra praia é um mantra. Mordo meus lábios muito forte quando, no sexo, sou penetrada a primeira vez. Conheço noventa por cento das pessoas da minha cidade. Desenho nas horas livres quando isso não me é dado como obrigação. Odeio quem se atrasa, Curitiba e sotaque mineiro. Guardo muitas mágoas com relacionamentos que gostaria de me livrar, quem sabe um dia. Faço macarronada com leite. Vou ser madrinha de um bebê. Uso as mesmas roupas desde 2010. Penso em usar tênis em 90% das ocasiões. Minha criatividade não cabe dentro da minha cabeça. Sinto vontade de chorar quando me corrigem ou me cortam em público. Gente que não entende as coisas rápido me estressa, assim como gente que fura. Amo sentir a respiração da pessoa antes de beijo, Tenho um carro, mas não uma habilitação. Descobri um amor por rímel e uma paixão pelo formato dos meus lábios. Odeio minha barriga. Meu estilo preferido de música é indie. Quero passar bastante tempo em New York a ponto de perder o sotaque paulista. Tenho uma avó com Alzheimer. Amo filmar e fotografar momentos.
Não faço a menor ideia do que serei amanhã.

sexta-feira, 25 de março de 2016

O barquinho e o cais

Ontem, a conversar com uma amiga, escutei uma metáfora sobre o barquinho e o cais.
Que às vezes não percebemos quando as pessoas as quais damos proteção e julgamos nosso "bem querer" precisam ser barquinhos que viajam por ai. E acabamos sendo cais. E as lembranças são as cordas que prendem os barquinhos aos cais.
Logo em seguida, vi uma imagem com a frase "Um navio no porto é seguro, mas não é para isso que os navios foram feitos" (William Shedd).
E a partir disso, eu pude entender várias coisas sobre alguns relacionamentos. Uma delas é que às vezes precisamos soltar a corda e sentir o alívio que é ver o seu barquinho preferido navegar por aí. Não que isso seja fácil, longe disso, e quem me conhece (bem ou mal) há de saber o quanto eu eu tentei e insisti. E é só por isso que não julgo tolo, insistente, ou coisa do tipo, quem ainda tenta pelo simples fato de que fomos, somos ou seremos todos um dia.
Dizer adeus nunca é fácil pra ninguém.
Mas saber renunciar, é um ato de bravura para consigo mesmo. Relembrar quem você era antes de "ser dois", descobrir coisas novas, fazer tudo do seu jeito, escolher os programas de domingo, não dar notícias ou dar notícias de tudo. Reestruturar-se.
Não se pode desejar que o barquinho permaneça ali somente por aquela corda carregada de passado, uma sombra do que um dia foi um laço forte. Não se pode estimar quando ou SE o barquinho volta. Mas um fato sobre essa vida é que: nós não sabemos o que ainda está por vir. Ousar é a melhor forma de descobrir.

terça-feira, 22 de março de 2016

Eu to falando de amor

Eu pedi pra ele me poupar
Umas mil vezes,
Duas mil ou mais
Não que ele seja uma pessoa física
Ou alguém que usa
Camisa de super herói.
Felizmente hoje
Ele não é ninguém
Não por morte,
Mas deus o tenha,
Ele não me amedronta mais
Ele hoje passeia tranquilo
Entre os carros e o caos
Oscilando entre
Saudade com melodia
Paz interior
E um desespero sufocante.
Se o sujeito que tanto menciono
Não fosse esse tal amor
Esse poema seria mais claro
Mas não poderia também ser o amor
Mais calmo?
Sem pendular
Confundir, assustar?
Te conto: não podia.
Enche esse peito
Trata tuas férias
Como já disse uma vez
Tudo vale a pena
Exceto quando você não se perdoa.





Antes que eu me perca no meu próprio raciocínio, quero explicar a mim mesma. Lembrar sempre de trocar a palavra "ele", por "amor". Lembrar das referências como a camisa de super herói do "cara lá", saber de que lugar estou falando quando digo "carros e caos" e que a saudade com melodia é do carinha da música que não está perto assim.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Benfica

Há quem diga que a vida universitária não é boa. E, "graças a deus" e a todas as pessoas que sabem viver, há controvérsias.
E aqui nessa cidade tão cheia de gente que se conhece, existe o lugar em que tudo (ou nada) faz sentido: eis o Benfica.
Nesse pequeno bairro repleto de boemia, residem inúmeras histórias. Todo mundo tem ou deveria ter uma história pra contar no Benfica. Sobre ter perdido o último ônibus, sobre a graduação bem sucedida que batalhou para ter enquanto passava pelos jovens bêbados em frente à praça da gentilândia. Sobre as aulas que faltou para ser o o jovem bêbado na praça da gentilândia. Sobre ter uma graduação bem sucedidade e comemorar bêbado na praça da gentilândia. Sempre vai ter alguém pra ser um desses exemplos.
No Benfica, a gente sempre encontra:
alguém de quem a gente costuma fugir (ex, amigo de ex, aquele match no tinder que você viu pessoalmente e "melhor não", um amigo que hoje não é mais),
alguém que a gente marcou (marcou de encontrar, marcou a vida, que nos marcou, não importa como, vai estar lá),
um professor (seja seu professor, professor do seu amigo, professor do seu curso, seu amigo professor, você professor),
alguém pra doar 1 marlboro (e quantas milhares de conversas não surgiram por causa daquele cigarro compartilhado?),
alguém que "caralho, que saudade".
Sem falar da diversidade, sem falar dos grafites com aqueles poemas que te fazem botar a mão na cabeça e pensar o que você fez da vida até agora, ou mesmo aquelas mensagens não menos questionadoras como "Imagina o cheiro da vagina?". Sem falar das calouradas que, eu adoraria contar o que acontece, mas não me recordo muito bem, creio que nos seja familiar também a falta de sobriedade.
Por falar nisso, pitombeira, goiabeira, ferro velho, gaiola, cantinho acadêmico, cantinho da filosofia, batata's, the hope, birosca verde, bolacha mágica, gato preto, madruga e... sobriedade. O que esses nomes tem em comum? Como dizia a melhor paráfrase do século:
"Algo acontece com a minha sobriedade
Quando cruzo a 13 de Maio
Com a Avenida da Universidade"
É preciso viver para saber.